- 16 Novembro 2023
16 novembro 2023
Dia Mundial do Cancro do Pâncreas
A cuidar de pessoas com cancro do pâncreas
O Dia Mundial do Cancro do Pâncreas pretende chamar a atenção para esta doença que é já a quarta causa de morte por cancro na Europa e nos próximos 10-20 anos estima-se que o número de novos casos possa aumentar em mais de 70% e tornar-se na segunda causa de morte por cancro na Europa e nos EUA.
O objetivo é promover mais investigação para melhorar o tratamento e a taxa de sobrevivência dos doentes com cancro do pâncreas e aumentar a conhecimento geral sobre os sintomas, fatores de risco e a importância da deteção precoce.
Neste Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, o Botton-Champalimaud Pancreatic Cancer Centre (Lisboa, Portugal) une forças com o Jreissati Pancreatic Centre (Melbourne, Australia) e o CRUK Cambridge Centre – Pancreatic Cancer Program (Reino Unido) para colocar o cancro do pâncreas na agenda global da saúde mundial.
Conheça o seu pâncreas
Conhecer os sintomas pode ajudar na deteção precoce e no tratamento do cancro do pâncreas
O que é o pâncreas?
O Pâncreas é uma glândula de grandes dimensões, localizada no interior do abdómen, entre o estômago, o fígado e o baço. O pâncreas decompõe os alimentos, absorve os nutrientes e ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue.
Como é diagnosticado o cancro do pâncreas?
O cancro do pâncreas pode ser de difícil diagnóstico nos estádios iniciais, pois os sintomas são semelhantes a outros problemas digestivos de pouca gravidade. A chave para a deteção precoce é procurar uma combinação de sintomas e fatores de risco para a doença.
Os médicos usam uma combinação de métodos para determinar se um doente tem cancro do pâncreas. Nestes se incluem:
- Sintomas
- Fatores de risco
- Imagiologia
- Endoscopia
- Laparoscopia
Quais são os sintomas?
Frequentemente, os doentes não apresentam nenhum sintoma até que estejam nos estádios mais avançados de cancro oe pâncreas. Quando os doentes já apresentam sintomas, estes podem incluir:
- Dor na parte superior do abdómen ou nas costas;
- Icterícia (Olhos ou pele amarelados);
- Perda de peso;
- Perda de apetite;
- Náuseas, com ou sem vómito;
- Alteração nos hábitos intestinais;
- Diarreia;
- Prisão de ventre;
- Diagnóstico recente de diabetes tipo 2;
- Diabetes pré-existente, com progressiva dificuldade de controlo;
- Coágulos de sangue.
Se estiver preocupado(a) com algum destes sintomas, consulte a sua equipa médica para uma avaliação mais aprofundada e solicite uma consulta no Botton-Champalimaud Pancreatic Cancer Centre.
Botton-Champalimaud Pancreatic Cancer Centre
Phone: (+351) 210 480 048
Phone: (+351) 965 927 748
Email: centro.atendimento@fundacaochampalimaud.pt
Quais são os fatores de risco?
Um fator de risco é algo que pode aumentar as probabilidades de uma pessoa vir a desenvolver cancro do pâncreas. Ao tentar determinar se um doente pode estar em risco, o médico deve analisar os seguintes fatores de risco:
- Tabagismo crónico;
- Obesidade;
- Idade avançada;
- Diabetes tipo 2;
- Consumo crónico de álcool;
- Pancreatite crónica;
- História familiar de cancro do pâncreas;
- Quistos pancreáticos.
Que testes podem diagnosticar o cancro do pâncreas?
Os sintomas e fatores de risco de um doente ajudam a determinar se o(a) médico(a) deve ou não investigar a presença de cancro do pâncreas. Se houver suspeita de cancro do pâncreas, os doentes precisarão ser submetidos a exames complementares para confirmar o diagnóstico.
A gama de opções de exames de diagnóstico disponíveis são:
- Imagiologia - inclui tomografia computadorizada (TAC), PET e ressonância magnética;
- Endoscopia;
- Laparoscopia.
História familiar de cancro do pâncreas (hereditário)
A história familiar é um fator de risco para o desenvolvimento de cancro do pâncreas – mas o que é que isso significa exatamente?
O cancro do pâncreas é hereditário?
A maioria dos cancros do pâncreas não está ligada à história familiar. Apenas 5 a 10% dos cancros do pâncreas ocorrem devido a uma predisposição hereditária (maior probabilidade) de desenvolver cancro do pâncreas.
Se tem familiares com diagnóstico de cancro de pâncreas, compreensivelmente, poderá querer saber mais sobre o seu risco de vir a ter a doença.
O cancro do pâncreas pode ser hereditário (transmitido nas famílias) de duas formas:
- O cancro do pâncreas familiar, é o cancro que parece ocorrer frequentemente numa família;
- Mutações genéticas ligadas ao cancro do pâncreas – quando os testes genéticos revelam uma mutação ou síndrome hereditária que pode aumentar o risco de cancro do pâncreas.
Cancro do pâncreas familiar
O cancro do pâncreas familiar pressupõe que existem vários familiares do mesmo lado da família com histórico de cancro do pâncreas. Às vezes, esse tipo de história familiar sugere que há uma mutação genética (alteração) transmitida nas famílias, mesmo que nenhuma mutação seja encontrada nos testes genéticos.
É importante saber: um membro da família com cancro do pâncreas não representa um alto risco.
Descobrir se corre maior risco de vir a ter cancro do pâncreas requer mais informações. O(a) seu(sua) médico(a) levará em consideração:
- A sua história familiar (em familiares de sangue);
- Outros tipos de cancros que ocorrem na família;
- Se os membros da sua família eram jovens quando desenvolveram cancro.
Mediante a avaliação, poderá haver uma recomendação para um acompanhamento da sua situação individual, sendo encaminhado para um(a) médico(a) geneticista clínico(a) que o(a) ajudará a melhor aferir e compreender o seu risco.
O(A) seu(sua) médico(a) também pode coordenar a realização de testes genéticos. Um único teste, denominado Pancreatic Cancer Panel, procura várias mutações genéticas ligadas a um risco aumentado de cancro do pâncreas.
Mutações genéticas ligadas ao cancro do pâncreas
Todos herdamos genes dos nossos pais. Um número muito pequeno de pessoas herda uma mutação genética ou síndrome subjacente que pode aumentar o risco de cancro do pâncreas, como:
- Síndrome de Peutz-Jeghers (gene STK11);
- Pancreatite hereditária (gene PRSS1);
- Melanoma familiar (gene CDKN2A);
- Cancro de mama e ovário hereditário (gene BRCA2);
- Síndrome de Lynch (gene MLH1, MSH2, MSH6 ou PMS2);
- Gene ATM defeituoso;
- Gene PALB2 defeituoso.
Essas mutações ou síndromes são encontrados por meio de testes genéticos (DNA).
Rastreio do cancro do pâncreas
O rastreio verifica a presença de cancro do pâncreas quando uma pessoa não apresenta quaisquer sintomas. O objetivo é potencialmente diagnosticar precocemente o cancro, o que, por sua vez, melhora os resultados.
Quistos pancreáticos
O que é um quisto pancreático?
Um quisto pancreático é uma cavidade cheia de líquido que se desenvolveu no pâncreas. O pâncreas é uma glândula de grande dimensão que fica localizada no interior do abdómen, entre o estômago, o fígado e o baço.
Existem várias causas para o desenvolvimento de quistos pancreáticos. Estes podem ocorrer quando as secreções do pâncreas se acumulam e irritam o pâncreas, ou após danos ou lesões no pâncreas.
Os quistos pancreáticos são comuns e frequentemente encontrados nas ressonâncias magnéticas ou tomografias computadorizadas, solicitada por outros motivos.
Qual é o risco de um quisto pancreático evoluir para cancro?
Um quisto pancreático é um fator de risco para o cancro pancreático.
No entanto, a maioria dos quistos pancreáticos são benignos (não cancerosos). A maioria nunca mudará ou causará cancro durante o tempo de vida da pessoa.
Alguns quistos pancreáticos são de alto risco e têm maior probabilidade de se virem a transformar em cancro num futuro próximo. O(A) médico(a) especialista efetuará as suas recomendações com base nos sintomas e nas características do quisto.
O que acontece após o diagnóstico de quisto pancreático?
Uma avaliação adequada de um quisto pancreático é essencial. Isso permite que o(a) medico(a) especialista determine seu tipo e risco potencial.
Na maioria dos casos, os quistos pancreáticos são tratados mediante uma abordagem multidisciplinar, com a colaboração de gastrenterologistas, cirurgiões e radiologistas especializados.
Uma avaliação de um quisto pancreático pode envolver:
- Tomografia computadorizada – protocolo de pâncreas;
- Exame de ressonância magnética – específico para ver o pâncreas em detalhes;
- Ultrassonografia endoscópica (e possível biópsia) – ajuda a determinar se o quisto deve ser removido.
Um quisto pancreático deve ser removido?
A maioria dos quistos pancreáticos não precisa ser removida. Estes serão alvo de uma monitorização aquando de mudanças que neles ocorram e muitas vezes não exigirão intervenção adicional.
Um pequeno número de quistos pancreáticos deve ser removido devido ao seu tamanho ou ao risco de se transformarem em cancro. A única forma de remover um quisto pancreático é através de cirurgia.
O Seu(sua) médico(a) especialista discutirá com o doente os riscos e benefícios da cirurgia. Geralmente, a cirurgia para remover um quisto pancreático, só é recomendada se houver risco potencial de evolução para cancro pancreático, nos próximos anos.
Texto adaptado dos recursos desenvolvidos para o website do Jreissati Pancreatic Centre website, no âmbito do Dia Mundial do Cancro do Pâncreas.