Mas isto não significa que estes dois domínios sejam totalmente distintos. Mas enquanto a epidemiologia envolve o estudo dos factores determinantes e da distribuição das doenças, a etiologia tenta confirmar as causas.
No entanto, uma diferença importante entre estas duas áreas é que, enquanto a epidemiologia consiste na procura estatística de factores de risco que podem causar uma determinada doença numa determinada população, num determinado momento, a etiologia tenta identificar as causas subjacentes através da investigação básica. Além disso, a etiologia é específica de cada doente, uma vez que as causas e os efeitos podem variar consoante os indivíduos.
Uma vez identificados os potenciais factores de risco através de estudos epidemiológicos, a investigação etiológica visa demonstrar a causalidade – ou seja, identificar os mecanismos biológicos que explicam a relação entre esses factores de risco e a doença em causa.
Tudo o que acabou de ler aplica-se obviamente à Oncologia – na procura dos factores de risco e da demografia dos diferentes cancros, para a epidemiologia; e das suas causas, para a etiologia.
Tal como acontece com as doenças em geral, a incidência (novos casos por ano de um determinado cancro), a prevalência (todos os casos de um dado cancro num determinado momento) e a mortalidade são as medidas mais utilizadas, em epidemiologia, para tentar identificar as causas do cancro, que podem ser ambientais e/ou genéticas.
A epidemiologia do cancro é uma etapa essencial na prevenção e detecção precoce do cancro. No livro Perioperative Care of the Cancer Patient (Elsevier, 2022), os autores escrevem: "O estudo do cancro a partir de uma perspectiva epidemiológica revelou numerosas causas de cancro. Talvez o feito mais conhecido da epidemiologia do cancro tenha sido a identificação do tabaco como causa do cancro do pulmão em 1964. Esta descoberta revolucionou a nossa compreensão do cancro, pois foi a primeira vez que se demonstrou que um comportamento comum e modificável – o tabagismo – conduzia ao cancro."
Quanto à etiologia, utiliza diferentes abordagens para identificar potenciais causas de cancro, tais como estudos celulares e animais. As etiologias podem, como já foi referido, ser intrínsecas (causas genéticas), extrínsecas (causas ambientais) – mas também podem ser idiopáticas (de origem desconhecida).
A investigação básica em biologia do cancro pode revelar os mecanismos através dos quais os carcinogéneos biológicos, químicos e físicos iniciam e promovem o cancro. As análises genéticas permitem aos investigadores identificar alterações genéticas que podem estar associadas ao risco de cancro.
Fontes:
https://www.cancer.gov/research/areas/causes
https://online.regiscollege.edu/blog/etiology-vs-epidemiology-important-concepts-in-nursing/
Livro: Perioperative Care of the Cancer Patient, (Elsevier, 2022)
Por Ana Gerschenfeld, Health & Science Writer da Fundação Champalimaud.
Revisto por Professor António Parreira, Diretor Clínico do Centro Clínico Champalimaud.