11 Outubro 2022
Check Up #7 - Sobrevivência, cura ou remissão?
A que corresponde cada um destes termos?
11 Outubro 2022
A que corresponde cada um destes termos?
A sobrevivência ao cancro é estimada através de taxas de sobrevivência, que representam a percentagem de pessoas que sobrevivem a um certo tipo de cancro durante um período de tempo específico. As mais utilizadas são as taxas de sobrevivência a cinco e a 10 anos.
Muitos dos cancros mais frequentemente diagnosticados têm uma taxa de sobrevivência a 10 anos de 50% ou mais. Mais de 80% das pessoas diagnosticadas com cancros que são mais facilmente diagnosticáveis e/ou tratáveis sobrevivem ao seu cancro durante 10 anos ou mais.
Os cancros com taxas mais elevadas de sobrevivência a cinco anos incluem o melanoma, o linfoma de Hodgkin, e os cancros da mama, da próstata, do testículo, do colo do útero e da tiróide. Os cancros com estimativas mais baixas de sobrevivência a cinco anos são o mesotelioma (habitualmente associado à exposição ao amianto), o cancro pancreático e o cancro do cérebro. As taxas de sobrevivência ao cancro variam segundo o estadio do cancro, a idade, o sexo e o estado geral de saúde do doente, as opções terapêuticas, etc.
As taxas de sobrevivência servem dois fins. Primeiro, são uma das principais medidas da eficiência dos serviços oncológicos: informam sobre a capacidade de um dado sistema para detectar um determinado cancro e sobre a rapidez do acesso das pessoas a tratamentos eficazes dentro desse sistema. Segundo, podem dar aos médicos uma ideia do prognóstico de cada doente, ao ajustarem a situação do doente aos vários factores acima enumerados. O que pode servir, por sua vez, para orientar a escolhas terapêuticas individuais.
As taxas de sobrevivência ao cancro variam entre países. Segundo os resultados do CONCORD-3, o mais recente e maior estudo internacional da evolução dessas taxas, os países com as taxas de sobrevivência mais elevadas à maioria dos cancros, entre 2000 e 2014, eram os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Noruega e Suécia.
Em Portugal, as taxas de sobrevivência aumentaram entre 5% e 10% durante o mesmo período – inclusive para certos cancros pediátricos (leucemia linfoblástica aguda e linfoma). A taxa de sobrevivência ao cancro do cólon rondava os 60% e aos cancros da mama e leucemia os 90%, em linha com as taxas dos EUA e outros países europeus. Portugal situava-se ainda, de 2010 a 2014, entre os países com as mais altas taxas de sobrevivência a cinco anos, padronizadas pela idade (90%).
Do ponto de vista do doente, a principal mensagem a reter é que, para sobreviver ao cancro, o diagnóstico precoce é fundamental porque permite melhorar os resultados e aumentar as hipóteses de sobrevivência. Por exemplo, 60% das pessoas diagnosticadas com cancro do pulmão num estadio precoce vivem pelo menos cinco anos, enquanto a taxa de sobrevivência a cinco anos para as pessoas diagnosticadas com cancro do pulmão avançado (que já metastizou para outros locais do corpo) é de apenas 6%. É por isso que os programas de rastreio e a sensibilização das pessoas são tão essenciais.
Sobreviver ao cancro durante vários anos é uma coisa, mas que dizer de curar o cancro? Na realidade, não existe uma cura para o cancro, mas existem tratamentos que podem curar algumas pessoas de alguns cancros. Quer isso dizer que essas pessoas vão viver a sua vida e morrer de outras causas – ou seja, viver livres de cancro durante décadas. Se um doente é tratado e o seu cancro nunca mais volta, esse doente é considerado curado. Mas só retrospectivamente é que um médico poderá dizer que um doente foi realmente curado do seu cancro.
Porquê? Porque nunca se sabe, à partida, se o cancro foi completamente eliminado. Daí que seja mais rigoroso dizer que o doente está em remissão. A remissão é dita completa quando o doente sobrevive mais de cinco anos sem quaisquer sintomas. Mais uma vez, isso não significa que esteja curado, dado que algumas células cancerosas poderão ainda existir no corpo fazendo com que o cancro possa regressar, mesmo décadas mais tarde. Os médicos também falam em remissão parcial, que acontece quando um doente apresenta uma resposta positiva a um tratamento (com mais de 50% de redução do volume do tumor), mas apenas durante um período de tempo limitado (alguns meses).
https://www.cancerresearchuk.org/
https://www.nuffieldtrust.org.uk/
https://www.webmd.com/
https://www.mayoclinic.org/
https://worldpopulationreview.com/
https://www.thelancet.com/
https://www.publico.pt/