02 Junho 2022

Check up # 2 - O que são a metaplasia, a displasia e a neoplasia?

Check Up é uma nova série de textos curtos através da qual pretendemos proporcionar aos doentes com cancro e às suas famílias (bem como ao público interessado), informação clara e concisa sobre temas e questões concretas, relacionadas com a Oncologia; temas e questões essas que são alvo de preocupação frequente na população em geral, mas por vezes confusas ou de difícil compreensão. O nosso objetivo é que as informações que aqui irão sendo publicadas contribuam para que a linguagem utilizada em Oncologia seja de fácil e rápida compreensão para todos.

Check Up # 2 - O que são a metaplasia, a displasia e a neoplasia?

A metaplasia, a displasia e a neoplasia são três processos de transformação celular. 

A Metaplasia ocorre quando um tipo celular se transforma num outro tipo celular normal, como forma de adaptação a condições ambientais adversas (por exemplo, inflamação).

Um exemplo de metaplasia é a chamada metaplasia intestinal, na qual células da camada mais superficial do estômago, designada de epitélio, se transformam em células que se assemelham a células intestinais. Em 99% dos casos, a metaplasia intestinal surge no contexto de gastrite crónica associada a infecção pela bactéria Helicobacter pylori.

A metaplasia não evolui habitualmente para o cancro. É considerada uma condição pré-neoplásica (ver “neoplasia" mais à frente) que deve ser vigiada – e que, a dar sinais de progressão, deve ser removida.

Se a inflamação/infecção não for controlada, a metaplasia pode evoluir para uma displasia. A displasia é um estadio inicial do processo neoplásico (ver “neoplasia” mais à frente). 

Um exemplo bem-conhecido é a displasia cervical, isto é, o crescimento de células anormais na superfície do colo do útero (o canal que liga a vagina ao útero), associada à infecção sexualmente transmitida por um vírus comum, o Vírus do Papiloma Humano (HPV).

displasia ligeira, na maioria dos casos, não deverá evoluir para uma neoplasia invasiva (ver mais à frente). Deve, no entanto, ser regularmente vigiada, à procura de sinais de progressão (exemplo: através do teste de Papanicolau). Os casos de displasia grave, podem, quanto a eles, necessitar de cirurgia para remover as células anormais, seguida de vigilância apertada. 

Sem tratamento, a displasia pode progredir para uma neoplasia invasiva. Isto acontece quando a acumulação de mutações em determinados genes confere às células a capacidade de se multiplicarem de forma rápida e contínua, escapando aos mecanismos de vigilância e controlo do organismo. 

No entanto, as neoplasias, vulgarmente chamadas tumores, nem sempre são invasivas, ou malignas; podem ser benignas, quando o seu crescimento é controlado e não há disseminação para outros tecidos/órgãos adjacentes ou à distância. 

Portanto, a primeira coisa a fazer perante um tumor é determinar a qual destas duas classes pertence. Os tumores malignos, que são os que têm a capacidade de crescer rapidamente e de se espalhar pelo corpo, são aquilo a que genericamente se chama “cancro”.

Por Ana Gerschenfeld, Health & Science Writer da Fundação Champalimaud.
Revisto por: Rita Canas Marques e Inês Rolim, Anatomia Patológica.
Fontes incluem: Mayo Clinic, NCI Dictionary of Cancer Terms, National Library of Medicine, Healthline, Cambridge English Dictionary, Entrevista com Paulo Fidalgo
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