16 Novembro 2023

Frente unida na luta contra o cancro do pâncreas

Numa relevante iniciativa global coincidindo com o Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, quinta-feira 16 de novembro, o Botton-Champalimaud Pancreatic Cancer Centre, em Portugal, que iniciará a sua atividade em breve, em parceria com o Jreissati Pancreatic Centre at Epworth, na Austrália, e o Cancer Research UK Cambridge Centre - Pancreatic Cancer Programme, no Reino Unido, anunciam uma colaboração pioneira. Esta aliança, que ultrapassa as fronteiras nacionais, marca um importante passo no sentido de enfrentar o desafio crescente que o cancro do pâncreas representa, rapidamente a tornar-se um dos cancros mais mortais a nível mundial.

Frente unida na luta contra o cancro do pâncreas

Atenção global para  uma ameaça silenciosa

O aumento exponencial dos casos de cancro do pâncreas, sobretudo nos países industrializados, levou estes três centros de investigação a unir esforços. Com o cancro do pâncreas prestes a tornar-se nas próximas duas décadas a segunda principal causa de morte por cancro na Europa e nos EUA, estas instituições estão a alertar para a necessidade urgente de uma maior sensibilização do público para esta doença. O seu esforço de colaboração centra-se na educação sobre os factores de risco, os sintomas frequentes e a importância crucial da deteção precoce, com o objetivo coletivo de melhorar os resultados do tratamento e as taxas de sobrevivência.

Compreender o cancro do pâncreas

O pâncreas, uma glândula vital localizada no interior do abdómen, desempenha um papel duplo na digestão e na regulação do açúcar no sangue. O cancro do pâncreas resulta do crescimento anormal de células na glândula pancreática, dando origem a tumores. Com sintomas iniciais muitas vezes inespecíficos, a deteção precoce é um desafio crucial para o tratamento eficaz.

Este cancro manifesta-se principalmente sob duas formas: tumores exócrinos (95% dos casos, com origem nas células dos canais pancreáticos) e tumores endócrinos (5% dos casos, com início nas células produtoras de hormonas). As opções de tratamento incluem a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. Dada a complexidade dos seus sintomas iniciais, a aliança sublinha a importância de saber reconhecer uma combinação de sintomas e fatores de risco.

Principais sintomas e fatores de risco

Os primeiros sintomas podem incluir dores no meio das costas, perda de peso inexplicável, dores de estômago e icterícia, entre outros, enquanto os factores de risco incluem o tabagismo, a obesidade, a idade, a diabetes de tipo 2, o consumo crónico de álcool e a história familiar. O diagnóstico é feito através da combinação de sintomas, fatores de risco e exames de diagnóstico como imagiologia, endoscopia e laparoscopia.

Esforços de divulgação e educação

Para assinalar o Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, os três centros realizarão várias actividades de sensibilização, incluindo cartazes informativos, t-shirts de cor roxa, cartões de perguntas e respostas sobre o pâncreas, questionários com prémios e perguntas vox pop aos seus colaboradores e ao público. As campanhas nas redes sociais, a venda de plantas e bolos para angariação de verbas para apoio à investigação e um webinar especial aberto ao público intitulado "Day-by-Day: Living with Pancreatic Cancer" (Dia a dia: viver com o cancro do pâncreas), com a participação de especialistas, também fazem parte dos eventos do dia.

Dar as mãos para fazer a diferença

Esta colaboração representa uma frente conjunta na luta global contra o cancro do pâncreas. Ao combinarem recursos, conhecimentos especializados e um compromisso comum com a deteção precoce e a melhoria do tratamento, estes centros pretendem mudar a narrativa do cancro do pâncreas, oferecendo esperança aos doentes de todo o mundo.

Mais informações sobre os Centros Colaboradores

1. Botton-Champalimaud Pancreatic Cancer Centre
Uma iniciativa inovadora da Fundação Champalimaud e dos filantropos Mauricio e Charlotte Botton, este centro é um dos primeiros no mundo dedicado tanto à investigação como ao tratamento do cancro do pâncreas. Financiado por um  donativo de 50 milhões de euros, tem por objetivo fazer avançar a nossa compreensão e o controlo desta doença, frequentemente diagnosticada em fases avançadas.

2. Centro Pancreático Jreissati em Epworth
Criado pela família Jreissati em colaboração com a Epworth Medical Foundation, este centro é impulsionado por um compromisso pessoal de combate ao cancro do pâncreas. Centrando-se no diagnóstico precoce, o centro esforça-se por melhorar significativamente os resultados dos doentes através de um melhor tratamento, investigação e educação.

3. Centro CRUK de Cambridge - Programa de Cancro do Pâncreas
Parte integrante do Centro de Investigação do Cancro do Reino Unido (CRUK) em Cambridge, este programa reúne peritos de várias disciplinas. A sua investigação em colaboração tem por objetivo levar terapias revolucionárias do laboratório para a cabeceira do doente, melhorando os resultados dos doentes através de ensaios e estudos inovadores.

Texto por Hedi Young, Editor and Science Writer da Equipa de Comunicação, Eventos & Outreach da Fundação Champalimaud.
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