05 Julho 2023

A vacina contra o HPV está disponível, é segura e eficaz – agora financiamento europeu irá ajudar a passar a mensagem

O projeto "Protect-Europe – Vacinar a Europa para proteger contra os cancros causados ​​pelo HPV", desenvolvido pela European Cancer Organisation com o objetivo de assegurar que a população em geral está bem informada sobre o Papilomavírus Humano (HPV) e os benefícios da vacina contra o HPV, acaba de ser selecionado pelo programa de financiamento da União Europeia na área da saúde - EU4Health. A Fundação Champalimaud, através do Dr. Henrique Nabais, da Unidade Multidisciplinar de Ginecologia da qual é Diretor, e Dra. Rita Torres, é um dos 35 parceiros envolvidos nesta iniciativa.

HPV vaccine

De acordo com o estudo CLEOPATRE, a infeção por HPV está presente em 19,4% da população feminina em Portugal. Na União Europeia, ainda são diagnosticados cerca de 67.500 novos casos de cancro, a cada ano, causados ​​diretamente pelo HPV. Uma vacina, que está disponível desde 2007, tem o potencial de eliminar a maioria desses casos. Na verdade, a vacinação contra o HPV em ambos os sexos, que é um dos principais compromissos do Plano Europeu de Luta Contra o Cancro, pode ser o meio mais eficaz de prevenção do cancro. O objetivo é vacinar pelo menos 90% da população-alvo de raparigas da UE e aumentar significativamente a vacinação de rapazes até 2030. 

Este projeto visa lidar com os desafios da consciencialização sobre o HPV e a acessibilidade à vacina. O Dr. Henrique Nabais explicou que “os desafios que os países da Europa enfrentam, e mesmo a nível mundial, são diferentes de país para país. Em Portugal, esta vacina faz parte do plano nacional de vacinação para raparigas (dos 10-14 anos) desde 2008 e para rapazes (da mesma idade) desde 2020. Sabemos que vacinar rapazes e raparigas é eficaz médica e financeiramente. A questão mais importante para nós, em Portugal, não é o acesso, mas sim a educação. Algumas famílias ainda se recusam a permitir que os seus filhos sejam vacinados por motivos culturais, religiosos ou outros”. Nabais continua, “a pandemia de COVID-19 trouxe outros problemas associados às vacinas, já que algumas famílias nos últimos dois anos sentiram, possivelmente, que os seus filhos receberam vacinas suficientes e não querem adicionar mais, o que é claramente infundado do ponto de vista médico, mas é por isso que precisamos mostrar que esta vacina é segura, confiável e de vital importância para os seus filhos”.

A Fundação Champalimaud decidiu envolver-se neste projeto, pois a infeção pelo HPV está diretamente ligada a vários tipos de cancro, incluindo o cancro do colo do útero, anal, vaginal, vulvar, peniano, da cabeça e pescoço. É a infeção sexualmente transmissível mais prevalente no mundo (embora o HPV possa ser transmitido, num pequeno número de casos, por outras formas de contacto). “Como a transmissão do HPV geralmente ocorre durante a atividade sexual, é muito importante que os jovens sejam vacinados antes de se tornarem sexualmente ativos. É possível vacinar mais tarde, mas esta vacina é profilática, o que significa que impedirá que seja contagiado com o HPV, mas não tem um efeito terapêutico se já estiver infetado. Além disso, a vacina é mais eficaz quando administrada em pessoas mais jovens já que a resposta imune diminui com a idade”, explicou o Dr. Nabais. “Os dados mais recentes sugerem que a vacina ainda pode ser eficaz para pessoas mais velhas (até 45 anos ou mais), mas é boa prática vacinar os jovens para garantir uma maior eficácia.”

Para atingir os objetivos do projeto Protect-Europe, estão a ser implementados programas de informação e formação em toda a Europa, com plataformas online disponíveis para que os jovens e os seus pais possam falar com profissionais formados, de modo a esclarecer quaisquer dúvidas que possam ter sobre a vacina. Também será lançada brevemente uma campanha de saúde pública para consciencializar a sociedade sobre o HPV, com a intenção de disseminar informação e incentivar as pessoas à vacinação.

Em relação às expectativas deste projeto, o Dr. Nabais concluiu que “fazemos parte de uma campanha para disponibilizar esta vacina a qualquer pessoa que possa beneficiar dela. Cada parceiro envolvido encontrará desafios diferentes em cada um dos países envolvidos, mas, no mínimo, gostaríamos de estar na posição de garantir que, mesmo que as pessoas decidam não fazer a vacinação, tomem essa decisão de forma totalmente informada e educada. Eliminar o HPV, no futuro próximo é uma possibilidade real, mas exige um grande esforço e estamos muito contentes por dar o nosso contributo, através de projetos como este.”

*O Dr. Nabais agradece a todos os colaboradores envolvidos neste projeto, em particular à Filipa Cardoso, Gestora de Bolsas da Strategic Research Development Team da Fundação Champalimaud.

"Protect-Europe” – Vacinar a Europa para proteger contra os cancros causados ​​pelo HPV" é o segundo projeto da Fundação Champalimaud a receber financiamento no âmbito do programa EU4Health; o primeiro, “Interact-Europe”, com a participação de vários dos nossos investigadores clínicos, foi liderado pela Dra. Fátima Cardoso e pela Unidade da Mama.
 

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