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Programas Clínicos
Programa de Imuno-oncologia
Fundação Champalimaud

Programa de Imuno-oncologia

Exemplo máximo da personalização do tratamento do cancro

A Sociedade Americana de Oncologia (ASCO) designou a Imunoterapia do Cancro como o avanço científico e terapêutico mais relevante nos últimos 2 anos (2016 e 2017). Foi certamente esta a área da Oncologia, na qual se verificaram maiores progressos no conhecimento dos mecanismos subjacentes ao papel do sistema imunitário no desenvolvimento dos tumores, tendo sido possível desenvolver novos medicamentos e diversas estratégias inovadoras de tratamento do cancro, em que é o próprio sistema imunitário do doente que desempenha o principal papel no combate à doença.

A utilização crescente da imunoterapia em doentes tratados no CCC com formas avançadas de doença oncológica, tem sido uma realidade decorrente do desenvolvimento científico e da aprovação de medicamentos inovadores pelas organizações internacionais que regulam a introdução de novos fármacos (FDA e EMA).

Em 2017 teve inicio o estabelecimento de um programa de investigação clínica em imuno-oncologia, vocacionado para o estudo e desenvolvimento de modalidades inovadoras de imunoterapia, em particular de imunoterapia celular.

A concretização deste programa está sob a responsabilidade do Professor Markus Maeurer, médico cientista especializado em Imunologia e assenta numa estreita colaboração com a Professora Elke Jaeger, Diretora do Serviço de Oncologia e Hematologia na universidade Wolfgang Goethe em Frankfurt, Alemanha e com o Professor Steven Rosenberg, responsável pelo Departamento de Imunoterapia do “National Institute of Health”, em Washington, EUA.

Programa de Imuno-oncologia

Imunoterapia

Combater o cancro a partir de dentro

O nosso sistema imunológico está equipado e preparado para lutar contra o cancro. A maioria das pessoas está protegida pois existem células especializadas, do sistema imunológico celular, que são particularmente eficazes na deteção e destruição de tumores. No entanto, em alguns indivíduos, as células cancerosas descobrem' como escapar ao sistema imunológico, sendo capazes de se esconder do reconhecimento imunológico - ou mesmo de se proteger dos seus ataques. A imunoterapia ter por objetivo alterar essa situação, para que o sistema imunológico seja capaz de combater as células cancerosas e manter esse controlo por um longo período de tempo.

Atualmente existem cinco classes diferentes de imunoterapias: vacinas contra o cancro (vacinação contra proteínas exclusivamente expressas em células cancerígenas), imunomoduladores (que ativam o sistema imunológico e param a paralisia imposta pelas células tumorais ao sistema imunológico), terapias alvo com anticorpos (anticorpos que atacam as células cancerosas), vírus oncolíticos (vírus que são modificados para infetar as células cancerosas e causar a sua morte, avisa e ativa o sistema imunológico para melhor combater o cancro) e, finalmente, a imunoterapia celular. Existem também várias maneiras de usar as células imunes dos doentes para combater o cancro. Na Fundação Champalimaud, está em desenvolvimento uma estrutura clínica e de investigação para oferecer opções terapêuticas celulares a doentes com cancro. Por exemplo, as células imunes dos doentes são capazes de reconhecer as células tumorais desse mesmo doente. Essas células imunes podem ser encontradas diretamente no tecido tumoral ou em torno da lesão. Por vezes, essas células imunes também podem ser encontradas circulando, em níveis muito baixos, no sangue. Tentaram combater as células cancerosas mas perderam a luta.

Na Fundação Champalimaud, procuramos agora conhecer em detalhe a composição molecular do cancro de cada indivíduo. Existem muitas similaridades entre tipologias de cancro, mas também muitas diferenças, e cada doente parece ter suas próprias mutações individuais no tecido tumoral, para além das típicas alterações moleculares associadas ao cancro. Utilizamos diversos métodos para conhecer exatamente todas as mutações que ocorrem nas lesões cancerosas, bem como as diferentes proteínas que, a cada momento, se expressam. Assim, para além de recolher informações detalhadas sobre o cancro iremos também mapear, com grande detalhe, a resposta imunitária utilizando métodos avançados contra as células cancerosas.

As células imunes são então retiradas do sangue ou do tumor do doente e expandidas usando uma mistura “inteligente' de 'hormonas de crescimento' do sistema imunológico, com o objetivo único de cultivar essas células imunes que são especialmente boas no reconhecimento das células tumorais enquanto ao mesmo tempo asseguramos uma memorização da resposta por parte do organismo, a longo prazo.

Passamos assim de uma situação em que existem poucas células imunes, com capacidade para atacar o cancro, para biliõess de células com potencial de serem utilizadas como terapia. Tipicamente, as células imunes não funcionais do doente são removidas e substituídas por células imunes funcionalmente ativas direcionadas especificamente contra as células cancerosas. Essas células imunes podem muitas vezes ser adicionalmente ativadas quando estão já no doente, para faze-las lutar ainda melhor e prepará-las para o future, para dar melhor proteção.

Nos últimos 10 anos, o campo da imunoterapia verificou uma enorme evolução e tecnologias inovadoras foram desenvolvidas para melhor definir os alvos moleculares do cancro – mas novas descobertas têm vindo a ajudar a 'adaptar' a resposta imunitária, para cada doente. Esta abordagem também pode ser chamada de 'medicina de precisão': precisamos melhor identificar as células cancerosas, bem como a resposta imunitária potencialmente protetora, para desenvolver e, finalmente, oferecer terapias inovadoras e personalizadas para os doentes com cancro. Essa abordagem não é uma solução de 'one stop-one shop': está assente num conceito multidisciplinar de prática clínica e investigação biológica e clinicamente relevante.

Na Fundação Champalimaud designamos esses esforços de Imuno-cirurgia: a resposta imune deve ser tão precisa como um bisturi cirúrgico e não prejudicar o doente. O objetivo é lançar um ataque ao cancro, de forma multidisciplinar mas apenas alvo de câncer de forma multidisciplinar. Os doentes devem posteriormente ser alvo de um acompanhamento regular, durante um longo período de tempo, a fim de detetar eventuais recorrências precocemente, compreender os motivos moleculares e imunológicos das recorrências e desenvolver novas estratégias de prevenção e tratamento.

Esses esforços só podem ser alcançados mediante o estabelecimento de redes colaborativas fortes dentro das próprias instituições e com outras instituições que prossigam os mesmos objetivos e tenham a mesma visão. Somente com parceiros fortes que participem ativamente no avanço da investigação e no progresso clínico, podemos preparar-nos para a 'fusão' das aplicações clínicas e pré-clínicas na imunoterapia. Esperamos alcançar essa fusão na medicina: entre instituições parceiras, entre indivíduos que promovem inovações e desenvolvimentos tecnológicos, entre investigadores, médicos e o parceiro mais importante de todos: o nosso doente.

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