16 Agosto 2022

Check Up #5 - Qual é a diferença entre terapias adjuvantes do cancro e terapias neoadjuvantes do cancro?

É uma questão de "antes" ou "depois".

Check Up #5 - Qual é a diferença entre terapias adjuvantes do cancro e terapias neoadjuvantes do cancro?

As terapias adjuvantes do cancro são as mais convencionais, constituindo a abordagem terapêutica mais clássica para o cancro. Neste caso, a primeira etapa é habitualmente a cirurgia para remover o tumor, seguida pela quimioterapia, a radioterapia ou outros tratamentos adicionais para consolidar os resultados da cirurgia.

As terapias neoadjuvantes do cancro surgiram em contraste com as terapias adjuvantes. Nas terapias neoadjuvantes, o tratamento inicia-se com quimioterapia ou radioterapia (ou ambas), por exemplo, de forma a reduzir o volume do tumor e o seu potencial de metastização/crescimento. A cirurgia vem a seguir. Às vezes, as terapias neoadjuvantes são necessárias antes e depois da cirurgia.

A quimioterapia, a radioterapia e outros tratamentos adjuvantes são frequentemente administrados, após a cirurgia, a muitos tipos de cancro, incluindo o cancro do cólon e recto, o cancro do pulmão, o cancro do pâncreas, o cancro da mama, o cancro da próstata e alguns cancros ginecológicos. No entanto, certos cancros não respondem às terapias adjuvantes, tais como o carcinoma de células renais e certas formas de cancro do cérebro. 

No CCC, o Departamento de Radioterapia tem estado a implementar uma nova abordagem, não invasiva, para tratar os doentes com cancro rectal, chamada Watch & Wait (W&W, em português “vigiar e esperar”), que consiste em iniciar o tratamento com radioquimioterapia (ou seja, com radioquimioterapia neoadjuvante). Em alguns casos, quando os doentes não apresentam sinais clínicos do seu cancro após este tratamento, é possível vigiá-los de forma muito apertada e apenas recorrer à cirurgia em caso de recorrência do tumor. A cirurgia radical costumava ser a única opção terapêutica para o cancro rectal, mas hoje existe um conjunto crescente de resultados que sugerem que grande parte dos doentes elegíveis para o W&W poderiam desta forma evitar completamente a cirurgia.

O Departamento de Radioterapia está também a aplicar novas técnicas de radioterapia para optimizar a dose de radiação neoadjuvante administrada aos doentes com cancro rectal – incluindo o aumento da dose de radiação para maximizar o efeito e a irradiação apenas dos locais onde é necessário, deixando assim intactos os tecidos e órgãos adjacentes.

Por Ana Gerschenfeld, Health & Science Writer da Fundação Champalimaud.
Revisto por: Professor António Parreira, Diretor Clínico do Centro Clínico Champalimaud.
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